Crianças são muito intensas. Quando encontram alguma coisa muito cativante, se entregam de um jeito que nenhum adulto conseguiria. Por outro lado, quando algo que acontece lhes desagrada, entram em um desespero que deixa a mais calma criança irreconhecível.
Por que as crianças são tão frágeis a tudo?
Maria Montessori observou que as crianças passam a infância toda envolvidas em interesses, e que estas experiências contribuem para a construção do adulto. Elas aprendem, expressam, alcançam e apontam. E aos poucos, transformam-se em seres mais independentes e preparados. Esse é o processo de formação de um ser humano. Em Montessori acredita-se que não exista um só adulto que não tenha sido formado pela criança que foi um dia.
Este processo de desenvolvimento é imenso e abrange muitas tarefas. Por isso, a criança precisa de um mapa e um cronograma, interiores. Ela tem esse mapa, esse cronograma! No Método Montessori chamamos isso de Períodos Sensíveis.
Os períodos sensíveis são intervalos ao longo do desenvolvimento, em que a criança está especialmente apta, e se sente especialmente atraída, por um determinado tipo de estímulo ou um tipo específico de tarefa. Nesses períodos, a criança se dedica exclusivamente, e intensamente, ao que lhe atrai a atenção.
Vamos aos exemplos: uma criança de quatro ou cinco meses, próximo de um adulto que fala, a mesma para o que estiver executando para observar a boca do adulto comunicador. A produção de linguagem lhe interessa mais do que qualquer outra coisa.
Uma criança de dois anos, ou dois anos e meio, em praticamente qualquer lugar, caminha e pega nas coisas. O deslocamento constante é a prioridade de sua vida, e ela deixa isso visível.
O desenvolvimento inteiro da primeira infância acontece de período sensível em período sensível. Um termina, outro começa. Quando um termina, o interesse que certo estímulo aguçava na criança reduz, e dá espaço a outro. Quando uma criança tem seus períodos sensíveis verificados e suas necessidades atendidas, sua vida é um paraíso de realizações. Ela trabalha constantemente e trabalha em harmonia. Pode realizar sua missão de construir um ser humano, e se dá por feliz com isso.
Por outra perspectiva, quando os adultos impossibilitam a criança de praticar a apreciação à qual ela está tão determinada, o desespero toma o lugar da calma, porque a criança é barrada de viver seu objetivo.
Uma criança que possa satisfazer suas necessidades dentro dos períodos sensíveis se desenvolve bem, e rápido, com um tipo de esforço muito natural, que leva mais à alegria e ao contentamento do que ao cansaço. Se ela não pode desfrutar, se precisa submeter-se às vontades e oportunidades do mundo adulto, parece exausta e frustrada o tempo todo. Frequentemente à beira de um colapso emocional. Isso acontece porque ela tem um trabalho a fazer, e todo o seu ser tende a fazer esse trabalho.
Observe, analise, e permita o exercício das sensibilidades específicas da fase da vida que sua criança está passando. A vida dela, a sua, e a de toda a humanidade, ficará muito melhor.
Referências:
MONTESSORI, Maria. A criança, Capítulo 7, São Paulo: Editora Círculo do Livro, 1988.
Lar Montessori:
https://larmontessori.com/2019/05/29/periodos-sensiveis-chaves-do-desenvolvimento/