Dia 20 de maio comemora-se o Dia Nacional do Pedagogo, profissão esta que nasceu na Grécia Antiga e veio se transformando ao longo dos séculos até chegar ao patamar de ciência. A Pedagogia como ciência não se fundamenta em si própria, necessita de outras áreas ─ sociais, exatas e humanas ─ para sua aplicação e validação metodológica, haja vista a complexidade da natureza humana e consequentemente de como a entendemos em cada fase histórica.
Na Grécia Antiga os escravos que acompanhavam as crianças até a escola eram chamados de pedagogos ─ paidós (criança) e agogé (condução) ─ podemos entender este “conduzir” como metáfora, pois os escravos não eram a apenas companhias de deslocamento, eram verdadeiros mestres que dialogavam e explicavam sobre o mundo com os pequenos (sim, só “os” pequenos, pois nesta época somente os meninos tinham o direito de frequentar a escola) e dessas conversas informais, nasciam curiosidades e saberes valiosíssimos.
Embora o termo pedagogo tenha nascido muito antes do nascimento de Cristo, o Professor Franco Cambi ─ uma das vozes mais respeitáveis e apreciadas da área pedagógica ─ afirma que a história da Pedagogia teve início somente no século XVIII com a organização de instituições escolares cada vez mais centradas na sociedade, preocupadas em reificar ─ entenda-se por perpetuar ─ ideologias, princípios e ideais; porém ainda de forma muito teoricista, sempre muito distantes dos processos educativos focados no desenvolvimento dos alunos.
Já no século XIX, com o nascimento das novas ciências, como a psicanálise, a psiquiatria, entre outras, a pedagogia passa a ser alvo da curiosidade e de estudos principalmente dentro das distintas áreas da medicina, nascendo assim novos saberes que viriam a enriquecer a pedagogia. Perdia assim sua exclusiva base filosófica e revelava-se composta pelo encontro de diversas ciências que faziam conexão com outros saberes, sobretudo as diversas ciências humanas. A pedagogia passa a ter um papel central na vida social e cultural, e a metodologia educacional histórica já reificada sofre uma radical transformação, acolhendo uma multiplicidade de fontes, organizando-se em setores especializados, surgindo assim muitos subsetores de pesquisas.
Era o nascimento da infância, enquanto objeto de estudo. Maria Montessori, contemporânea de Vygotsky e Piaget, embora não tenha chegado à Educação como professora, e sim através do seu trabalho como médica, muito contribuiu para a pedagogia moderna e principalmente para o movimento de valorização e reconhecimento das potencialidades das crianças.
Com seu espírito científico, e olhar observador, Maria Montessori dedicou a sua vida em prol da criança, e em entender quais as leis que regiam a aprendizagem e o comportamento infantil. Como pesquisadora, propôs uma nova hipótese de educação, agora focada na criança e na organização do ambiente. Aplicou e validou-a pelo método cientifico, escrevendo assim sua própria teoria sobre Educação e Desenvolvimento Humano. As descobertas feitas por Montessori foram tão distintas dos conteúdos pedagógicos pesquisados na época, que pensar na criança como um ser complexo dotado das dimensões biopsicossociais, talvez tenha sido sua maior contribuição. Novos papéis foram atribuídos ao aluno e ao Professor, o primeiro como centro do processo educativo, onde passa a ser ativo em seu processo de aprendizagem, e o segundo que deixa de ser um repetidor de conteúdos e passa a ser também um pesquisador: que prepara cientificamente seu ambiente de trabalho, observa muito seus alunos, faz intervenções quando necessário e consegue ter consciência, clareza do desenvolvimento dos seus alunos e dos resultados obtidos pelo seu trabalho.
Admiravelmente, Maria Montessori não escreveu apenas uma teoria, mas nos mostrou que é possível fazermos uma educação cujo pedagogo possa voltar ao sentido etimológico da palavra, e desenvolver um trabalho no ambiente escolar como mestre, guia, aquele que conduz, porém sem esquecer que a prioridade é o “caminhar” da criança, os encantamentos do percurso e das novas descobertas.